domingo, 13 de janeiro de 2008

Espelho quebrado

Um acontecimento tardio.
Tarde? Aos trinta e poucos anos.
Mas, enfim, um dia.
Nem que seja por um instante.
Um respirar divino. Um momento de clareza.
Um momento sem temer.
Um momento de apenas ser.
Sem mais nada refletir.

Dizem que se fala pouco.
Talvez porque tente escutar mais.
Dizem que lhe falta alegria.
Talvez por ser menor superficial.
Dizem que se contenta com pouco.
Talvez por viver sempre em excesso.
Dizem que parece quebrada.
Talvez porque não tema mais enxergar-se em pedaços.

E o bem querer tenta reparar a dor.
Sem perceber o quanto ela lhe é bem vinda.
Quebrem-se os pratos, os copos, as casas inteiras.
Quebre-se tudo e que sejam danosas as perdas.
Perca-se do que tinha e se ache sozinha
Encontre-se no meio dos cacos,
Machuque-se de realidade e por fim esteja livre.

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O reflexo no espelho já não tinha valor algum
Pegou a taça de champagne bem cara e jogou contra o espelho
No momento em que viu sua beleza refletida nunca mais foi a mesma
Sentia-se livre. Podia ser gorda, magra, branca, mulata.. tanto faz
Conseguia enxergar que a beleza carregava uma ilusão barata
Sentia saudade de toda a feiura que já lhe dedicou olhando-se no espelho.
Onde perdeu-se de si mesma?

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