segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Adorei isso..... O que vc´s acham???


Síndrome de Mrs. Robinson
“A mulher que chega aos 30 normalmente está muito bem; já sabe de tudo e ainda não esqueceu nada”
O fato é que Balzac está desatualizado.Explico: quando ele escreveu A Mulher de 30 Anos, século 19, tempo do onça, a medicina não era essas coisas nem havia pilates, botox, antioxidantes e coisa e tal. Naquela época, uma mulher hipotética que chegasse aos 30 com tudo em cima - segundo o que se achava bonito na época, veja bem - realmente parava o trânsito de carruagens. E também se casava aos 15, olha só. Claro, havia pressa, morria-se muito cedo. Qualquer topada de dedinho era fatal. A vida útil da pessoa era mais curta, percebe? Claro, se a vida útil era menor, a mulher de 30 já era coroa. Mas isso foi 200 anos atrás. Nem internet tinha.Agora, hoje em dia, não: a mulher que chega aos 30 normalmente está muito bem; já sabe de tudo e ainda não esqueceu nada. Freqüentou academias, passou creminhos, comprou calças de cintura baixa e leu livros. Chutou pra frente o conceito da balzaquiana. Balzaquiana, pra mim, só de 40 e poucos pra cima - desde que mantenha o elã, a justeza do jeans, a vontade de viver e o hábito de leitura. Sim, porque a neobalzaquiana tem que manter o conceito inicial, de moça com mais... ahn... vivência, sem perder o brilho das formas corretas e da beleza tardia. A ciência possibilita até que essa mulher madura tenha filhos às dúzias.Gosto de mulheres maduras. Gosto também de mulheres novinhas, mas não tenho paciência, sabe? Da última vez que eu jantei com uma dessas, de 19 pra 20 e pouquinho, meu relé de comunicação com a realidade caiu quando ela disse que estava largando o vício da Coca. Cocaína? Necas: Coca-Cola. Tomava umas cinco por dia. Nem precisava se preocupar com essa coisa boba de celulite. A verdade é que, em condições iguais, sou mais as neobalzaquianas. Acho que elas reagem melhor se me der uma cãibra nas costas bem na hora do vamovê.Aliás, eu não sou o único. Quem já assistiu àquele A Primeira Noite de um Homem nota que o Dustin Hoffman está comigo. No filme, a Mrs. Robinson (Anne Bancroft, chique e linda) resolve iniciar um Dustin ainda imberbe nos prazeres de Eros, e Dustin, óbvio, perde o rumo de casa. É célebre uma cena em que ele dá um beijo na Mrs. Robinson, e ela solta uma baforada de nicotina na cara dele. Já foi até cena de abertura de novela. Eu e Dustin dividimos, portanto, essa preferência, essa síndrome.Agora, ao mesmo tempo que admiro, tenho um medinho da neobalzaquiana que nem te conto. E se ela descobrir que eu não presto? Não estou falando de caráter, nisso sou bom. Estou falando de desempenho mesmo. Com alguns anos de prática, ela não cai mais em qualquer acrobacia. O sujeito tem realmente que ter pegada, tino pra coisa. Elas descobrem numa escaneada se a gente é proveito ou pura fama. Com as mais novinhas, qualquer mentira bem contada ajuda. Com as maduras, tem que ter sustança.
Lusa Silvestre (lsilvestre.colunista@edglobo.com.br)

Um comentário:

Francisco Petros disse...

Meninas lindas lembrem-se! "As coisas não mudam, nós é que mudamos"